quarta-feira, 6 de junho de 2012

Bolívia é um dos mais espectaculares países da América do Sul. É uma terra fascinante e muito fotogénica, com as suas gentes hospitaleiras, paisagens invulgares e um punhado de locais classificados Patrimônio Mundial. O Salar de Uyuni, as minas de prata de PotosíCopacabana e o lago Titicaca, as cidades de Uyuni, Sucre e Potosí. Um olhar sobre a fascinante e instável Bolívia.



Fotos Bolívia - Lagoa Branca, sudoeste da Bolívia, próximo da fronteira com o Chile
  Lagoa Branca, sudoeste da Bolívia, próximo da fronteira com o Chile  

Fotos Bolívia - Curiosa formação rochosa denominada 'Árvore de Pedra'
  Curiosa formação rochosa denominada 'Árvore de Pedra'  

Fotos Bolívia - Vista do Vulcão Olhagué, Bolívia
  Vista do Vulcão Olhagué, Bolívia  

terça-feira, 29 de maio de 2012

Senador da oposição boliviana pede asilo político ao Brasil


  O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, confirmou nesta terça-feira (29/05) que recebeu um pedido de asilo político do senador boliviano Roger Pinto, que se diz perseguido pelo governo de Evo Morales.
Hospedado na embaixada brasileira em La Paz desde a noite da última segunda-feira (28/05), ele divulgou uma carta no qual julga "descabidos" os 20 processos penais abertos contra ele. Patriota se limitou a confirmar que o pedido de asilo foi recebido e não detalhou quanto tempo será necessário para que o Itamaraty se pronuncie sobre o assunto.
Tovar Nunes, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, explicou que o pedido do senador Pinto será analisado dentro do marco legal, o que supõe reunir elementos de julgamento para estabelecer se cabe a concessão do asilo político.

Ele ressalta que o Brasil tem uma "longa tradição" em matéria de asilo político e que é signatário de convênios internacionais que garantem esse direito. Esclareceu, contudo, que casos como o do senador boliviano devem ser "examinados cuidadosamente". De acordo com o oficial, o membro do grupo oposicionista Convergência Nacional poderá permanecer na sede da embaixada brasileira até que uma decisão seja tomada.
 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

PF de Piracicaba encontra bolivianos trabalhando irregularmente na região


  A Polícia Federal de Piracicaba notificou seis bolivianos e duas confecções de Americana (SP), nesta terça-feira (22), sobre a presença irregular dos operários estrangeiros no Brasil. Os latino-americanos entraram no País como turistas para trabalhar nas empresas do setor têxtil. A PF multou as confecções e deu um prazo de oito dias para os imigrantes voltarem à Bolívia. Caso não cumpram a determinação, eles serão deportados.
A operação teve início após uma denúncia feita ao Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas sobre supostas irregularidades nas condições de trabalho de três empresas de Americana. Após vistoria de integrantes da Polícia Federal e do MPT, foram constatados problemas em duas delas.“A questão aqui foi a condição da presença dos bolivianos no nosso País. Eles entraram como turistas, mas estavam trabalhando”, explicou o delegado da Polícia Federal em Piracicaba, Florisvaldo Neves.
O delegado não divulgou o nome das empresas envolvidas no caso e também não soube explicar quando e em que situações os estrangeiros chegaram ao Brasil. As condições de trabalho a que esses imigrantes eram submetidos coube aos procuradores do MPT fiscalizar, mas até as 18h desta terça o órgão não havia se manifestado sobre as constatações feitas no local.

Comissão autoriza doação de quatro helicópteros para Bolívia


 Numa ação negociada com o governo da Bolívia, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou nesta quarta-feira projeto que autoriza a doação de quatro helicópteros da Força Aérea Brasileira ao país vizinho.
As aeronaves, segundo o projeto, integram a frota desativada da Aeronáutica e estariam defasadas --com a previsão de doação no estado em que se encontram.
São quatro helicópteros de fabricação norte-americana, tipo H-1H Iroquiois.
O projeto prevê que o governo boliviano pague as despesas com o traslado dos helicópteros. Para a doação ser efetivada, o projeto ainda precisa ser aprovado pelo plenário do Senado.
O Ministério da Defesa, ao justificar a doação ao Congresso, disse que o objetivo da doação é "estreitar laços de amizade" com a Bolívia e "permitir a participação mais efetiva do Brasil em questões internacionais".
O ministério afirma que a doação pode "suprir eventuais carências" do governo boliviano.
A ação foi acertada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente da Bolívia, Evo Morales, em 2008, para facilitar nas operações de combate ao narcotráfico do país.
O governo afirma que as aeronaves possuem valor "residual", por isso não compensa a sua alienação. Também haveria, segundo o Executivo, helicópteros mais modernos no mercado com menor custo operacional --o que não justificaria recolocá-las em funcionamento.
O senador Luiz Henrique (PMDB-SC), relator do projeto na CCJ, disse que a estocagem das aeronaves já defasadas não compensa economicamente ao Brasil. Segundo o senador, os helicópteros acarretam "prejuízos" à FAB com instalações e manutenção de voo, mas podem ser úteis aos "esforços bolivianos de combater o narcotráfico".

Hospitais bolivianos voltaram a funcionar nesta segunda-feira

Os hospitais e centros de Saúde da Bolívia voltaram a funcionar nesta segunda (21), após uma greve de 53 dias dos trabalhadores do setor, contra um decreto do governo que pretendia aumentar a jornada de trabalho dos médicos em duas horas.

O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Alfonso Barrios, confirmou que "a partir de segunda-feira trabalharemos com normalidade".

A solução definitiva do conflito está nas mãos da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que irá se pronunciar a respeito da validade do aumento na carga horária dos médicos.

De acordo com os funcionários do setor, o aumento da jornada de trabalho sem compensação financeira , como pede o governo, não resolve a quase crônica carência de hospitais, equipes, instrumentos, remédios e pessoal qualificado.

sábado, 19 de maio de 2012

Petrobras: Brasil e Bolívia têm 'casamento' em torno do gás

Brasil e Bolívia têm um "casamento" em torno do gás natural, disse nesta última quinta-feira (17) um alto funcionário da Petrobras, que participa de um congresso internacional organizado pela petroleira boliviana YPFB.

"O Brasil incrementará sua produção de petróleo, mas não tanto a de gás, e temos uma importante sociedade, um casamento entre Brasil e Bolívia, e necessitamos do gás da Bolívia", disse o gerente para a América Latina da área internacional da Petrobras, José Carlos Vilar Amigo, citado em um boletim da Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPFB) entregue à AFP.

A Petrobras tem importantes investimentos na Bolívia, que por sua vez fornece, em média, 30 milhões de metros cúbicos diários (MMCD) de gás natural ao Brasil, por meio de um gasoduto de 3 mil quilômetros que abastece todo o sul do país.

"É um gasoduto que nos permite hoje uma condição operacional grande e permite à Bolívia vender o gás que produz", disse Vilar sobre o contrato vigente até 2019.

Bolívia condena assassina de tia de Morales a 30 anos de prisão

Um tribunal boliviano condenou a 30 anos de prisão Nelly Gonzales por assassinar e esquartejar em 2009 uma tia do presidente Evo Morales, no entanto a filha da vítima, Leonor Ayma, disse que a família "não está satisfeita" pois não foi esclarecido onde estão as partes do corpo ainda não encontradas.
Além dela, três homens foram condenados por ajudar Gonzales a cortar e se desfazer do cadáver de Rufina Morales de Ayma e foram sentenciados a 15 anos de prisão cada um, enquanto outras duas acusadas por cumplicidade pegaram 2 anos. O julgamento ocorreu em Cochabamba, no centro da Bolívia.
Leonor Ayma disse que os familiares estão "parcialmente satisfeitos" com a condenação, pois esperavam que Gonzales e seus cúmplices revelassem onde esconderam as partes do corpo da vítima ainda não encontradas. "Pensávamos que, quando ditassem a sentença, nos diriam onde estava os restos do corpo e pediriam clemência. Mas isso não ocorreu", disse Leonor.
Nelly é dona de uma farmácia de Cochabamba onde Rufina Morales costumava receber injeções para reumatismo. Em junho de 2009, a acusada administrou mal o remédio provocando uma reação que causou a morte da paciente.
Os parentes da vítima informaram que ela desapareceu, após cobrar um subsídio de velhice, e que partes de seu corpo foram achadas oito dias depois em um barranco a 15 quilômetros de Cochabamba. O presidente exigiu então que a polícia que esclarecesse o crime, e insinuou que poderia ser uma "represália política" contra sua família.
Segundo os jornais locais, Nelly admitiu no julgamento que a vítima teve uma reação alérgica e morreu em sua farmácia, por isso se desesperou e decidiu se desfazer do corpo, pois não estava autorizada a dar injeções.
Leonor Ayma disse que os familiares continuarão buscando os restos mortais.

Greve da saúde pública na Bolívia já completa seis semanas

Os trabalhadores bolivianos do setor de saúde decidiram manter uma greve que já dura mais de 50 dias, apesar de o governo do presidente Evo Morales ter prometido "garantir" por meio de um decreto a suspensão de uma norma que eleva a jornada de trabalho dos médicos para oito horas.
Hospitais permaneceram fechados pela sétima semana consecutiva, apesar de as autoridades terem dado como "superado" o problema após acordos com dirigentes universitários e a suspensão temporária da lei rechaçada pelos funcionários do setor.
Alfonso Barrios, presidente do Colégio Médico, afirmou que "a greve continua" e que "não há acordo" até que o decreto seja anulado definitivamente. Para ele, os trabalhadores consideram essa norma "um engano", uma tentativa de desmobilizar o protesto.
O líder acrescentou ainda que a classe não quer "ser enganada" como aconteceu com os indígenas quando Morales promulgou no último mês de outubro uma lei que proibia a construção de uma rodovia que cortaria a maior reserva do país.
De acordo com os trabalhadores da saúde, o aumento da carga horária sem compensação não resolve a quase crônica carência de hospitais, equipes, instrumentos, remédios e pessoal qualificado.

Bolívia: belezas naturais num roteiro pouco conhecido

Não muito distante da cidade de Puerto Suarez, pouco mais de 270 quilômetros, está localizado o povoado de “Chochis”. A localidade, com população que gira em torno de mil habitantes, traça seus limites dentro da cidade de Roboré, capital da província de Chiquitos, que pertence ao departamento (estado) de Santa Cruz. Considerada Patrimônio Natural e Cultural em nível  municipal e departamental, Chochis reserva ao lado de paisagens naturais incríveis, um clima de paz e sossego que tanto bem fazem à alma. Por lá, o tempo parece esquecer da pressa e nossos olhos, encantados, de se fecharem num cochilo que o clima de tranquilidade nos convida.
Surgido devido à construção da linha de ferro para o trem que liga o Brasil à cidade de Santa Cruz de la Sierra (capital do departamento de Santa Cruz), o povoado começou como um acampamento de trabalhadores que, aos poucos, foi crescendo. Mas, o fato que entregaria a Chochis uma das mais belas construções arquitetônicas, está relacionado a um triste episódio ocorrido em 1979, quando uma forte chuva devastou a localidade e destruiu os trilhos de trem que davam acesso ao local, deixando as pessoas a mercê dos caprichos da natureza. Muitas morreram e a única alternativa diante do desespero que tomava aqueles que buscavam escapar das águas foi a fé na Virgen Asunta.  O socorro veio do céu, com helicópteros que retiraram do local os que buscavam abrigo nas partes mais altas da região.
Como prova de reconhecimento da ajuda divina, o povoado começou em 1988 a construção de uma capela em homenagem à santa. A conclusão foi em 1992, após um primoroso trabalho do artista Hans Roth, restaurador das igrejas das Missões Jesuíticas, em conjunto com artistas locais. Nas formas talhadas em madeira, a história do povoado, os traços de sua gente e episódios bíblicos, mesclados formando um sincretismo singular.

O Santuário da Torre
O Santuário Mariano de la Torre, como foi batizada essa singular construção, traz em sua porta principal os índios ayoreos, habitantes da região. Na porta traseira, um grande painel com dimensões de 4x4 metros, retratando do lado externo, a Criação com Adão e Eva. No interior, a estrutura, que pesa cerca de uma tonelada, mostra, na porção superior, os antigos profetas: Abraão, David e os apóstolos São Pedro, São Paulo, São Francisco, São João e Santa Rosa de Lima. Na parte inferior, a representação   de mulheres dos altiplanos e oriente boliviano.
O jogo de luz fabricado pelas grandes janelas, junto à cor vermelha das pedras que formam as paredes da capela em conjunto com os talhados em madeira, dão um ar de devoção ao local que guarda uma grande imagem da Virgen Asunta. Ao meio uma grande coluna de madeira, chamado de Árvore da Vida, tem uma função tanto arquitetônica quanto artística. Em sua extensão, a representação dos 7 dias da criação. Em cada um dos seus longos “braços” imagens de anjos tocando instrumentos musicais tipicamente bolivianos.
Na parte externa da capela, a Galería de los Desastres registra em quadros talhados em madeira toda a história de destruição e salvação de Chochis durante a forte chuva de 1979. Em trabalho similar, também estão registrados os passos da Paixão de Cristo.
Próximas à porta que conta o momento da criação, duas colunas de 100 metros de altura cada uma, compõe “El Teatro”, local dedicado à mescla da cultura pagã com o cristianismo, imprimindo em imagens, rostos de habitantes e costumes locais a simbolismos religiosos em forma de totens. À esquerda, a Dança da Morte e à direita, a Dança da Vida.

La muela del diablo
Seja pela estrada bioceânica ou pela linha férrea, uma formação rochosa se destaca na paisagem de serras de Chochis. É a Torre de David, ou a popularmente conhecida como “muela del diablo”, o que em português podemos traduzir como molar (dente) do diabo. Partindo dos fundos do Santuário da Torre, um trajeto de subida nos leva bem próximo deste ponto e, no caminho, mais um sinal de devoção religiosa. Outra imagem da Virgen Asunta, protegida por uma gruta, onde fiéis dedicam pedidos e orações.
Subindo pouco mais, se chega ao Vigilante, obra talhada em uma grande pedra, representando um homem sentado com um grande chapéu, vigiando todo o povoado e o Santuário. Deste ponto, se tem uma linda vista de Chochis e do bosque seco chiquitano.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Bolívia vive tensão após 7 semanas de conflitos não resolvidos pelo governo

A Bolívia vive momentos de convulsão após sete semanas de conflitos trabalhistas e sociais, com greves e manifestações que se sucedem sem pausa e frequentemente terminam em violência, e muitos analistas e políticos opinam que o presidente Evo Morales se mostra incapaz de resolvê-los.

A Fundação Milênio, centro de estudos privado que analisa a crônica de conflito boliviana, comentou nesta sexta-feira que Morales parece despreocupado com os conflitos porque avalia que boa parte dos que protagonizam o caos sejam seus aliados, e o líder acredita que "não querem derrubá-lo" do poder.

"Mas estão imobilizando-o e o impedem de governar, além de afetar seriamente os cidadãos e danificar seus esforços produtivos", destaca o Milênio, que registrou 80 conflitos em março e 100 em abril.

Ao término de três dias de greve geral nesta sexta-feira, o líder da Central Operária Boliviana (COB), maior entidade sindical do país, o mineiro Juan Carlos Trujillo, advertiu a Morales que, se o governo continuar sem dar respostas às reivindicações dos sindicatos, os manifestantes radicalizarão os protestos na próxima semana.

A greve da COB, uma das maiores bases de apoio que Morales perdeu desde que chegou ao poder em 2006, teve pouco eco nos centros de trabalho, pois só foi total em hospitais estatais e universidades, embora reforçada por grandes manifestações e bloqueios de vias em várias regiões.

Trujillo classificou como êxito as mobilizações da COB e disse que Morales "tem a obrigação de responder favoravelmente" a suas demandas, como um aumento salarial superior a 8% aprovado pelo líder e a derrogação do decreto que eleva a jornada de trabalho de médicos e funcionários de saúde de seis para oito horas.

A COB anunciou nesta sexta-feira que, na próxima semana, haverá uma reunião de dirigentes em Oruro e poderia decidir uma greve geral por tempo indeterminado.

Na segunda e terça-feira, os motoristas e proprietários de transporte público paralisaram totalmente La Paz e a cidade vizinha de El Alto, e em menor medida outros povoados, para contestar uma nova lei de trânsito. Diante da falta de soluções, também ameaçam retomar os protestos nos próximos dias.

A marcha de centenas de indígenas da Amazônia contra uma estrada promovida por Morales e financiada pelo Brasil, projetada para partir em duas a reserva natural Tipnis, segue avançando em direção a La Paz, apesar da fustigação do governo e de seus partidários.

Uma primeira passeata contra essa estrada percorreu quase 600 quilômetros entre agosto e outubro passados e conseguiu superar as barricadas de fiéis a Morales e a repressão policial, que custou o cargo a ministros, vice-ministros e comandantes policiais.

Os indígenas foram recebidos em La Paz de forma triunfal e obrigaram Morales a decretar uma lei que proíbe qualquer rodovia no Tipnis, mas o líder descumpriu sua palavra e busca retomar as obras, que lhe custaram seus princípios de ambientalista e indigenista.

O ministro de governo boliviano, Carlos Romero, afirmou nesta sexta-feira que os conflitos não têm chance de causar uma crise de governabilidade, em resposta aos políticos, colunistas e analistas que consideram esse risco maior a cada dia.

"Há reivindicações sociais e atores políticos que buscam se aproveitar dessa situação. Não diria que é desestabilizadora, porque não têm chances de provocar uma crise de governabilidade, e menos ainda uma crise de Estado", declarou Romero à rede de televisão "Uno".

O escritório da ONU na Bolívia manifestou preocupação porque os protestos afetam "os direitos humanos da população", e pediu ao governo "adotar todas as medidas a seu alcance para respeitar, proteger e garantir o usufruto desses direitos".

"O protesto impulsionado durante mais de 40 dias pelos trabalhadores do setor de saúde, somado a reivindicações de outros atores sociais, está causando um impacto significativo e preocupante sobre o direito à saúde e agrava as persistentes falhas estruturais do sistema", diz um comunicado da ONU.

A nota acrescenta que o conflito "tem causado protestos universitários de apoio muito violentos, com o uso indiscriminado de dinamites, e deu lugar a práticas pelas quais membros do setor se auto-infligiram tratamentos físicos (crucificação, sutura da boca) equivalentes a maus-tratos e tortura que violam a dignidade humana".

Populista e nacionalista, Morales se limitou nesta sexta-feira a criticar os dirigentes da COB porque, segundo ele, defendem "privilégios".

"Como uma organização sindical, revolucionária, que usa o 'Che' (Guevara) em seu cartaz, pode defender um grupo de privilegiados?", questionou o governante.

Morales vive momentos de baixa popularidade, que não terminou nem com a desapropriação de uma filial de uma empresa elétrica espanhola no último dia 1º, quando antes as nacionalizações lhe davam grandes índices de aprovação nas pesquisas.

Dezenas de manifestantes bloquearam nesta sexta-feira em La Paz o acesso ao prédio da Vice-Presidência da República, atiraram tinta contra sua fachada e protestaram em frente ao Ministério da Saúde, embora não tenham ocorrido choques violentos com a polícia, como em dias prévios.

Houve também manifestações em Cochabamba, Potosí, Sucre, Tarija e Santa Cruz. Nas duas últimas, além disso, houve bloqueios das estradas que as rodeiam.

As vias que ligam a Bolívia a países vizinhos, como Brasil e Argentina, foram fechadas várias vezes nas últimas semanas, enquanto as associações de empresários se queixam das perdas bilionárias decorrentes da inação do governo.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Greve de motoristas bolivianos provoca violência em véspera de greve nacional

Moradores das cidades bolivianas de La Paz e El Alto trocaram nesta terça-feira golpes e pedradas com motoristas que bloquearam a ligação entre as duas cidades desde segunda-feira contra uma nova lei de trânsito urbano, na véspera de uma greve de 72 horas da Central Operária Boliviana (COB) contra o presidente Evo Morales.

A imprensa local informa que houve pelo menos sete feridos em uma batalha campal com pedras e paus, num bairro no limite entre La Paz e El Alto, a 4 mil metros de altitude. Não há dados oficiais sobre os feridos nos incidentes.

Na sétima semana de conflitos que o governo parece incapaz de deter, os moradores reagiram com fúria porque os motoristas passaram a noite nos pontos de bloqueio, alguns bêbados, e não deixavam passar nem sequer ambulâncias, segundo constataram correspondentes da Agência Efe.

Em outros lugares, como a estrada que liga La Paz a El Alto (quase 1 milhão de habitantes cada uma), houve incidentes causados por moradores e inclusive por alguns motoristas que queriam trabalhar e foram agredidos por colegas armados com paus e cintos.

Milhares de pessoas marcharam pelas íngremes ruas de La Paz para chegar ao trabalho, enquanto outras desceram de El Alto por ladeiras, barrancos e bairros marginais, da mesma forma que na segunda-feira.

Os motoristas bloquearam as principais vias com veículos, grandes pedras, fogueiras, troncos de árvores e objetos diversos.

A polícia liberou algumas vias nesta terça-feira e o governo ofereceu transporte gratuito ao povo, ao contrário de segunda-feira, quando se limitou a pedir o diálogo entre motoristas e a Prefeitura de La Paz, em mãos da oposição.

Os motoristas rejeitam a lei de La Paz que busca melhorar o transporte público, porque consideram que ela põe em risco seus trabalhos com um sistema de transporte em massa com ônibus.

O prefeito de La Paz, Luis Revilla, disse que não negociará 'sob pressão' e ratificou suas críticas à Polícia Nacional por não agir na segunda-feira contra os bloqueios, como se fez em semanas anteriores contra marchas de médicos, universitários e professores, entre outros.

O ministro de governo boliviano, Carlos Romero, negou em entrevista coletiva que a polícia tenha sido inativa na segunda-feira e afirmou que as manifestações desta segunda e terça-feira não são similares.

Os líderes da COB, maior organização sindical da Bolívia, até pouco tempo atrás aliada de Morales, confirmaram a convocação de uma greve geral de 72 horas a partir desta quarta-feira, por reivindicações salariais.

Elétrica espanhola lamenta estatização na Bolívia

O presidente da Rede Elétrica de Espanha (REE), José Folgado, disse nesta segunda-feira (07/05), em La Paz, que lamenta a estatização de sua subsidiária Transportadora de Eletricidade (TDE) na Bolívia, após o anúncio do governo boliviano sobre uma "pequena" indenização ou até "nada".

"Mentiria se dissesse que ficamos satisfeitos com a expropriação da Transportadora de Eletricidade" (TDE), na qual a REE tinha 99,94% das ações, afirmou José Folgado após uma reunião com o ministro de Hidrocarbonetos, Juan José Sosa.

Antes do encontro, o vice-presidente boliviano, Álvaro García, revelou que a indenização paga à REE será "pequena, mínima" ou até "nada".

"Qualquer estatização implica em uma pequena, mínima compensação, e neste caso se dará se a avaliação indicar isto, mas talvez conclua que não devemos pagar nada", disse García em entrevista coletiva.

Folgado e Sosa mantiveram em La Paz a primeira reunião para discutir os parâmetros da indenização paga à REE, que La Paz promete realizar no prazo de 180 dias.

"Foi uma primeira reunião, informativa principalmente, de tudo o que vamos realizar como Estado sobre a estatização da Transportadora de Eletricidade", explicou o ministro dos Hidrocarbonetos.

Sosa avaliou que desde que foi privatizada, em 1997, os investimentos na Transportadora de Eletricidade somaram 81 milhões de dólares, mas García garante que a TDE não vale mais que 5 milhões de dólares.

Já a REE, que assumiu o controle da TDE em 2002, afirma que o "patrimônio líquido da companhia" chega a 164 milhões de dólares.

domingo, 6 de maio de 2012

Médicos desconfiam de Morales e mantêm protestos na Bolívia

Os médicos e os funcionários da saúde pública veem com desconfiança o anúncio do presidente boliviano, Evo Morales, sobre a suspensão do decreto que aumenta sua jornada de trabalho de seis para oito horas e exigem sua anulação definitiva para cessar a greve que começaram há seis semanas.
Um dirigente da Confederação de Trabalhadores de Saúde, José González, disse à Agência Efe que a suspensão do decreto anunciada ontem à noite por Morales 'não é uma garantia', nem existe juridicamente.
'Por esse caminho não vamos encontrar a solução para esse conflito. A determinação da Confederação e da Central Operária Boliviana (COB) é clara: estamos pedindo ao presidente que anule integralmente o decreto para que possam suspender as medidas de pressão', explicou.
Esse critério é partilhado pelo presidente do Colégio Médico da Bolívia, Alfonso Barrios, para quem o anúncio de Morales 'poderia ser uma distração' para desmobilizar os grevistas.
'Por enquanto não podemos suspender as medidas de pressão porque há suscetibilidade. Desconfiamos dos anúncios', declarou Barrios à emissora de rádio 'Erbol'.
Lembrou o caso dos indígenas que rejeitam uma estrada no parque natural Tipnis, que em 2011, após uma passeata de 66 dias até La Paz, conseguiram que Morales sancionasse uma lei que proíbe qualquer projeto viário nessa reserva amazônica, mas depois se arrependeu e insiste em retomar as obras, financiadas por uma empresa brasileira.
Barrios assinalou que aguardarão algum documento oficial sobre o anúncio de Morales para analisá-lo com os colégios departamentais de médicos e que eles definirão se terminam ou não os protestos.
Tanto os médicos como os demais funcionários de saúde aceitaram o convite de Morales para uma 'cúpula nacional' em julho para criar um novo sistema de saúde, mas insistem que primeiro deve ser anulado de forma definitiva o decreto que aumenta sua jornada.
Apoiados por estudantes de medicina e membros da COB, a maior organização sindical boliviana, ambos coletivos estão parados desde o dia 28 de março.
Formaram piquetes de greves de fome e realizam diariamente manifestações e bloqueios em todo o país, argumentando que o decreto não foi pactuado nem resolverá as carências da saúde da Bolívia.
Morales se retratou ontem à noite, pelo menos na palavra, de sua decisão sobre as oito horas de jornada de trabalho para os médicos e demais funcionários, assediado por protestos que aumentaram e se tornaram violentos nos últimos dias.
Na quinta e na sexta-feira grupos de médicos, funcionários e estudantes de medicina fecharam estradas que ligam a Bolívia ao Brasil e à Argentina e enfrentaram agentes antidistúrbios.

Festival IndieLisboa premia curta sobre mineiros bolivianos

O curta-metragem boliviano 'Juku', do diretor Kiro Russo, foi agraciado no festival de cinema independente IndieLisboa com o Grande Prêmio de Curta-Metragem, informaram neste sábado (05/05) os organizadores do evento.
A produção argentino-boliviana, que superou mais de 40 obras concorrentes, tem 18 minutos de duração e retrata o dia a dia dos mineiros que trabalham na colina de Posokoni, a maior jazida de estanho da Bolívia. O lugar foi palco de confrontos entre operários e cooperativistas em 2006, quando 16 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas.
A Menção Honrosa do festival foi concedida ao curta-metragem 'Praça Walt Disney', ambientado no Recife e realizado pelos brasileiros Renata Pinheiro e Sergio Oliveira.
Com nove sessões oficiais e um total de 233 filmes em cartaz, o IndieLisboa começou no dia 26 de abril e termina neste fim de semana com a divulgação da lista de vencedores.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Nacionalizações podem deslocar investimentos espanhóis para o Brasil

As recentes nacionalizações de empresas espanholas na Argentina e na Bolívia podem empurrar investimentos realizados pelo país europeu na América Latina para o Brasil, preveem especialistas.

Para eles, o Brasil, que já é o principal destino dos investimentos da Espanha na região, se beneficiaria por garantir maior segurança jurídica, além de um quadro econômico e político mais estável comparado ao de seus vizinhos.
"De maneira geral, o Brasil tem um marco regulatório consolidado e assegura maior respeito aos contratos, dando guarida aos investimentos", disse a BBC Brasil Ernesto Lozardo, professor de economia da FGV-EAESP.
O país, que se tornou em 2011 a sexta economia do mundo, com um vasto mercado interno e prestes a sediar vários eventos internacionais de grande porte, já está na rota dos investidores externos que, sem perspectivas de ganhos futuros nas economias dos Estados Unidos e da Europa, buscam mercados mais atraentes para aplicar seu capital.
Segundo dados recentes da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), o Brasil foi o país latino-americano que mais recebeu investimentos do exterior no ano passado, respondendo por US$ 66,7 bilhões (R$ 128,4 bilhões) ou 43,7% do total de US$ 153,4 bilhões investidos na região, seguido do México, Chile, Colômbia, Peru, Argentina, Venezuela e Uruguai.
Desde 1993 (início da série histórica), segundo dados do Ministério de Economia e Competitividade da Espanha, o Brasil recebeu mais de 30% do volume de investimentos estrangeiros diretos (IED) espanhóis na América Latina.
No ano passado, esse fluxo cresceu, totalizando 4 bilhões de euros (R$ 10,1 bilhões) ou 64% do montante total de 6,3 bilhões de euros investidos pela Espanha no continente.
Descontados os "desinvestimentos" (ou seja, investimentos que foram desfeitos, como venda de ativos, por exemplo), a taxa líquida das aplicações espanholas no Brasil em 2011 ficou em 3,9 bilhões de euros, volume muito superior ao segundo colocado, o México, com cerca de 1 bilhão de euros investidos.
Dados do Banco Central do Brasil confirmam que, em 2011, a Espanha esteve entre os principais investidores no país, depois da Holanda e dos Estados Unidos.
Por outro lado, no ano passado, considerando a mesma taxa líquida de investimentos, a Espanha "desinvestiu" 85,29 mil euros na Bolívia e 1,3 bilhão de euros na Argentina, de acordo com as estatísticas do governo espanhol.
Se depender das empresas espanholas, tal cenário não deve ser alterado neste ano. Segundo o relatório "Panorama de Investimento Espanhol na América Latina 2012", divulgado pelo Instituto de Empresa de Madri em fevereiro passado, 30 das companhias de maior faturamento da Espanha enxergam com pessimismo a evolução de seus negócios em países como Argentina, Bolívia e Venezuela.
Das empresas com filiais nesses três países, somente 15% planejam aumentar sua presença na Argentina em 2012, contra 4% na Bolívia e na Venezuela.
No Brasil, entretanto, o índice é de 62%.

Nacionalização

Evo Morales | Foto: Reuters
Na última terça-feira, o presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou a estatização da empresa Transportadora de Electricidad S.A (TDE), filial do grupo espanhol Red Eléctrica de España (REE), que administra 73% das linhas de transmissão de energia do país.
A nacionalização, anunciada em meio às comemorações do Dia do Trabalho (1º de maio), atendeu a reivindicações de sindicalistas e veio acompanhada de uma ordem às Forças Armadas para a ocupação imediata das instalações da companhia.
Ainda que tenha criticado o ato unilateral, o governo espanhol reagiu à expropriação de maneira diferente de quando recebeu a notícia da nacionalização de 51% das ações da YPF, petrolífera argentina controlada pela espanhola Repsol, anunciada pelo governo da presidente Cristina Kirchner há três semanas.
"O governo espanhol entende que a Bolívia se comprometeu a pagar um valor justo pela estatização da TDE, ao contrário do que foi sinalizado pela Argentina", disse a BBC Brasil José Manuel Rodríguez de Castro, conselheiro econômico e comercial da embaixada da Espanha no Brasil.
Para além do contexto político, entretanto, analistas afirmam que o tamanho das operações da companhia na Bolívia teria influenciado o tom das críticas. No ano passado, a TDE respondeu por apenas 1,5% receita total da REE.
Na opinião deles, a situação na Argentina, no entanto, é diferente. Responsável por 34% e 25% do volume de produção de petróleo e gás, respectivamente, no país, a YPF-Repsol havia acabado de anunciar a descoberta da reserva 'Vaca Muerta' com potencial de 22 bilhões de barris na província de Neuquén, o que pode alçar o país a um novo patamar na exploração da commodity no mundo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Chairman da Red Eléctrica se encontrará com governo da Bolívia na segunda-feira

A companhia Red Eléctrica de España informou hoje que seu chairman, José Folgado, vai se encontrar com autoridades do governo da Bolívia na semana que vem e começar conversas sobre a compensação, após a administração do presidente Evo Morales expropriar ativos da empresa no país.
A Red Eléctrica disse em um comunicado que Folgado vai se encontrar com o ministro de Hidrocarbonetos e Energia da Bolívia, Juan José Sosa, em La Paz, na segunda-feira. "Esse será o primeiro contato de gestores da companhia com autoridades do governo boliviano", diz a empresa.
Na reunião, o chairman buscará iniciar as negociações para um acordo sobre "uma compensação adequada e para proteger os interesses dos acionistas domésticos e internacionais da Red Elétrica".
A companhia espanhola, que controla e opera quase 85% da rede de distribuição elétrica da Bolívia, afirma que suas operações no país representam somente 1,5% da sua receita anual, que em 2011 superou 1,63 bilhão de euros. As informações são da Dow Jones.

Times do Brasil vencem a Bolívia

Em um dia em que as condições climáticas não foram favoráveis, o Brasil conseguiu garantir nesta quarta-feira seu segundo ponto tanto com a equipe masculina quanto a feminina no Sul-americano de 16 anos em confrontos com a Bolívia no Complexo de Tênis Rafael Yanes Gordils, na cidade de Valencia, na Venezuela.

O time masculino, comandado pelo capitão Luiz Peniza, começou o confronto com o paulista Marcelo Zormann diante do boliviano Adrian Torrico, e o brasileiro não teve dificuldades para conquistar a vitória com parciais de 6/1 e 6/0.

O gaúcho Rafael Matos foi o escolhido para a segunda partida contra o boliviano Rodrigo Banzer e fez um primeiro set equilibrado, vencendo no tie-break, para depois confirmar a vitória no segundo set ao fechar o jogo por 7/6 (7/5) e 6/3.

A equipe feminina começou o confronto também diante da Bolívia com o capitão Roberto Carvalho apostando na gaúcha Suellen Abel, que correspondeu muito bem e não perdeu nem sequer um game diante da boliviana Daniela Ruiz, fechando com duplo 6/0 a primeira partida.

Número 15 do ranking mundial juvenil da ITF, Beatriz Haddad Maia também entrou bem na segunda partida de simples diante da boliviana Natalia de Ugarte e conquistou a vitória com parciais de 6/2 e 6/1.

Com as vitórias garantidas para ambas as equipes brasileiras, um temporal atingiu a cidade de Valencia e interrompeu a programação quando Beatriz Haddad Maia e Carolina Alves enfrentariam Natalia de Ugarte e Raquel Montalvo, enquanto Marcelo Zormann e Gabriel Hocevar jogariam contra Adrian Torrico e Ruben Montãno.

As partidas chegaram a ser remarcadas para a noite desta quarta, mas as condições climáticas impediram a sequência e foram adiados para esta quinta-feira, de manhã, além dos confrontos que já estavam agendados. Após as partidas de simples, a equipe masculina do Brasil enfrenta o Equador, enquanto o time feminino joga contra o Chile.

O time masculino do Equador conta com Allan Velasco, Gabriel Cucalon e Jorman Reyes. Já o time feminino do Chile é formado por Barbara Gatica, Catalina Vives e Colomba di Filippo.

Os campeões de cada grupo disputam o título Sul-americano e garantem automaticamente a classificação para o Mundial da categoria, enquanto os segundos colocados de cada grupo se enfrentam valendo a terceira posição e consequentemente a terceira e última vaga no Mundial, que será realizado em Barcelona entre 25 e 30 de setembro, chamado de Junior Davis Cup e Junior Fed Cup.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Comissão Europeia se mostra preocupada com situação na Bolívia

A Comissão Europeia (CE) manifestou nesta quarta-feira sua "preocupação" com a decisão do governo da Bolívia de expropriar a filial de Red Eléctrica Espanhola (REE) e afirmou que as autoridades bolivianas devem cumprir os acordos de investimentos assinados com a Espanha.

"Ações como esta necessariamente transmitem um sinal negativo aos investidores internacionais sobre o clima de negócio e de investimentos na Bolívia", afirmou o porta-voz comunitário de Comércio, John Clancy.

O porta-voz expressou sua "preocupação" diante da decisão anunciada ontem pelo governo de Evo Morales de nacionalizar a Empresa Transportadora de Eletricidade (TdE) - que está nas mãos da Red Eléctrica Internacional, uma filial da REE -, e assegurou que Bruxelas "segue atentamente" essa situação.

"Acreditamos que as autoridades bolivianas mantenham completamente seus acordos de investimento com a Espanha e garantam uma rápida e adequada compensação por esta desapropriação", indicou Clancy.

Segundo fontes comunitárias, a Comissão Europeia, por enquanto, está trocando informações com as autoridades espanholas antes de dar um novo passo. Em entrevista coletiva, Clancy confirmou que a CE está "em contato com Madri" e que as autoridades espanholas já estão respondendo.

O porta-voz da CE, no entanto, descartou a ideia de vincular o caso da Red Eléctrica na Bolívia com o a postura do Governo argentino, que desapropriou 51% das ações da companhia petrolífera YPF, até então controlada pela espanhola Repsol.

"Não vou fazer vínculos diretos entre o que está passando na Bolívia e o que ocorreu com a Repsol na Argentina", declarou o porta-voz, que, por sua vez, classificou a situação como "inquietante".

Em diversas ocasiões, a Comissão Europeia manifestou sua preocupação com a nacionalização da YPF, principalmente com mensagens do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do comissário europeu de Comércio, Karel De Gucht.

Nestas, a cúpula da UE alertava que esta operação poderia afetar drasticamente o clima empresarial e os investimentos estrangeiros no país sul-americano.

Apesar do investimento dos países da UE em outros países serem de competência da UE desde dezembro de 2009, quando o Tratado de Lisboa entrou em vigor, a Comissão ainda está criando uma base legal para reverter essa situação, além da pressão diplomática.

Em todo caso, a nacionalização da YPF fez com que a Comissão Europeia acelerasse os preparativos para solicitar consultas com a Argentina na Organização Mundial do Comércio (OMC) pelas restrições às importações que Buenos Aires vem aumentando desde 2008. EFE

terça-feira, 1 de maio de 2012

Bolívia nacionaliza filial da espanhola Red Eléctrica

A Bolívia anunciou nesta terça-feira a nacionalização da filial local de transmissão de energia elétrica do grupo espanhol Red Eléctrica após criticar seu nível de investimentos, e ordenou ao Exército que ocupe as instalações da companhia.
A medida ocorre duas semanas após o governo da Argentina, país aliado da Bolívia, apresentar ao Congresso um plano para expropiar 51 por cento das ações da petroleira YPF da também espanhola Repsol, também como reação ao nível de investimentos da companhia.
"Como justa homenagem a todo o povo boliviano que tem lutado pela recuperação dos seus recursos naturais, pela recuperação dos serviços básicos, nacionalizamos a transmissora de eletricidade em nome do povo boliviano", disse o presidente Evo Morales em ato na capital, La Paz.
A Red Eléctrica possui uma participação indireta de 99,94 por cento na Transportadora de Electricidad (TDE), que administra mais de 1,9 mil quilômetros de linhas de transmissão de energia.
Morales afirmou que a TDE, criada em 1997 durante a privatização do setor elétrico e que está sob controle da Red Eléctrica desde 2002, investiu apenas 81 milhões de dólares nos últimos 16 anos.
O mandatário nacionalizou o setor de hidrocarbonetos em 1 de maio de 2006.

sábado, 28 de abril de 2012

Brasil desloca militares após Bolívia expulsar brasileiros na fronteira

O Ministério da Defesa brasileiro deslocou uma tropa para o município de Capixaba (AC), a 70 quilômetros de Rio Branco, após o exército da Bolívia ter retomado o processo de expulsão de brasileiros. Além disso, o governo brasileiro fez um protesto formal ao Ministério de Relações Exteriores da Bolívia contra o que considera ser uma “ação inaceitável” das forças armadas do país vizinho.

Ontem (27), o encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em La Paz, Eduardo Sabóia, foi recebido no Ministério das Relações Exteriores da Bolívia e o secretário-geral das Relações Exteriores, Ruy Nogueira, conversou com o vice-ministro de Relações Exteriores daquele país. Agora, o governo brasileiro aguarda uma resposta oficial do governo boliviano.

Existem mais de 500 colonos brasileiros na região do Alto Acre, que abrange os municípios de Capixaba, Acrelândia, Plácido de Castro, Epicilância, Brasiléia e Assis Brasil, de acordo com o Blog da Amazônia. Além dos colonos, existem 50 produtores rurais com pequenas fazendas, que variam de 100 a 300 hectares de pastagens.
De acordo com os brasileiros, militares fardados do Exército boliviano invadiram casas de ao menos dez famílias de colonos. Eles teriam expulsado famílias, se apropriado de bens, matado animais para consumo das tropas e ateado fogo em uma das casas. O grupo estaria agora na região em acampamentos e deu um ultimato de 15 dias para que os brasileiros deixem o local.

Segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, citado pelo O Globo, os membros do Exército chegaram a entrar em território brasileiro fardados e armados em busca de combustível e alimentos, o que contraria a legislação internacional, que impede essa movimentação sem notificação prévia ao país.

"O grave é que a Bolívia não parece empenhada em manter boas relações diplomáticas. Qualquer ação militar que envolva os exércitos dos dois países na fronteira deve ser comunicada, mas  nem o Exército Brasileiro, nem o Itamaraty e nem o governo do Acre foram informados da operação. A situação exige por parte da diplomacia brasileira um protesto forte junto aos diplomatas bolivianos", disse Mourãom ao Blog da Amazônia.

Os brasileiros se instalaram em região proibida pela legislação da Bolívia, que veta a moradia de estrangeiros em uma faixa de até 50km da fronteira. O grupo é formado por pequenos agricultores, que vivem da castanha e do açaí e também por criadores de gado. O reassentamento destas famílias já havia sido acordado entre os governos do Brasil e da Bolívia e vinha sendo colocado em prática de modo gradual. Cerca de 160 famílias já se mudaram, mas ainda existe um total estimado em 300 famílias na região.

Segundo Mourão, o governo brasileiro fez uma doação de 10 milhões de reais para que o país vizinho invista em desenvolvimento rural. "O Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] já adquiriu terra para assentar cerca de 150 agricultores familiares, o que deve ser feito nos próximos meses", afirmou. Enquanto a situação não se resolve, os moradores buscaram abrigo nas casas de parentes e amigos em Capixaba.

Cotações das moedas latino-americanas frente ao dólar

Bogotá, 27 abr (EFE).- Cotações das moedas latino-americanas frente ao dólar nesta sexta-feira:

Países Moeda Preços Variação.

ARGENTINA Peso 4,43 ( 0,00 %).

BOLÍVIA Boliviano 6,96 ( 0,00 %).

BRASIL Real 1,888 (-0,05 %).

COLÔMBIA Peso 1.761,73 (+0,24 %).

COSTA RICA Colón 509,67 (-0,01 %).

CUBA Peso/CUC 1,00 (controlado).

CHILE Peso 483,50 (+0,37 %).

EL SALVADOR Colón 8,75 ( 0,00 %).

GUATEMALA Quetzal 7,77 ( 0,00 %).

HONDURAS Lempira 19,46 ( 0,00 %).

MÉXICO Novo Peso 12,98 (+1,44 %).

NICARÁGUA Córdoba 23,34 (-0,04 %).

PARAGUAI Guarani 4.360 (-0,22 %).

PERU Sol 2,655 (+0,19 %).

R.DOMINICANA Peso 39,09 (-0,02 %).

URUGUAI Peso 20,05 (+0,24 %).

VENEZUELA Bolívar Forte 4,30 (controlado).

(A moeda de Equador e Panamá é o dólar).

Indígenas fazem marcha contra estrada na Amazônia boliviana

Ao menos 500 indígenas partiram nesta sexta-feira da cidade de Trinidad, na Amazônia boliviana, em direção a La Paz, para protestar contra a construção de uma estrada que corta o Parque Nacional Isiboro Sécure, constatou a AFP.

Os indígenas, concentrados desde a quarta-feira em Trinidad, capital do departamento de Beni, iniciaram a marcha após uma missa na principal igreja da cidade e um comício na Praça de Armas.

Os nativos rejeitam a estrada que cortará o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS), de 1 milhão de hectares, devido aos graves danos à flora, fauna e às populações locais.

"Estamos emocionados com o início da marcha", disse Lazaró Tacoo, um dos líderes do movimento, destacando que "participam irmãos indígenas de vários povos: guaranis, do CONAMAQ (aimaras) e do povo guarayo".

Os indígenas caminharão 15 km nesta sexta-feira, até o povoado de Puerto Varador, em seu trajeto de 600 km até a cidade de La Paz, que deve exigir entre 6 e 8 semanas.

Na outra marcha realizada pelo mesmo motivo, em outubro passado, os indígenas obrigaram o presidente Evo Morales a vetar a estrada pelo TIPNIS, mas o governo organizou, semanas depois, uma passeata de apoio ao projeto.

O governo promove agora uma consulta indígena para decidir se os habitantes da região do TIPNIS desejam ou não a estrada, em meio a denúncias de que Morales tem distribuído presentes e favores entre os habitantes do Parque Nacional.

La Paz já anunciou que permitirá a marcha, mas qualificou o protesto de político e afirmou que apenas os líderes indígenas rejeitam a estrada, que levará desenvolvimento à região e aos habitantes de todo o país.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Bolívia volta a expulsar brasileiros na fronteira

A Bolívia começou mais uma onda de expulsões de brasileiros que vivem em seu território, na fronteira com o Acre. O governador do Acre, Tião Viana, informou ao Gabinete de Segurança Institucional que proprietários de chácaras na região de Capixaba, a 80 quilômetros de Rio Branco, estão sendo retirados de suas casas e suas terras estão sendo ocupadas por soldados bolivianos. O Ministério da Defesa deslocou uma tropa para a região para guardar a fronteira e tentar impedir novas entradas não autorizadas.


Relatório revela aumento de conflitos na Bolívia em março

Com uma média de sete conflitos diários e pelo menos 68 pessoas feridas no mês de março, a Bolívia registrou um de seus meses mais turbulentos neste ano, informou um relatório especializado.

Segundo um informe divulgado pela Fundação Unir, no último mês ocorreram 123 conflitos sociais, uma cifra 35% maior que a registrada no mês anterior e que pode ser comparada às etapas mais violentas do ano passado.

Ainda de acordo com o relatório, a maioria dos enfrentamentos apresentou "níveis de violência moderada", ainda que tenham resultado em 68 feridos, o dobro do número registrado em fevereiro.

A maioria das contendas foram originadas por demandas de atenção de necessidades básicas ou pela alta no custo de vida, além de conflitos de ordem institucional.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Mais de quatro mil profissionais da saúde da Bolívia realizam greve de fome

Mais de quatro mil trabalhadores do setor de saúde da Bolívia realizaram neste último sábado (21), uma greve de fome por melhores condições de trabalho e por um aumento de seis para oito horas a carga de trabalho diária.

Os manifestantes ainda protestam contra a contratação de novos profissionais para que os hospitais públicos, em greve há 20 dias, sejam reabertos.

O governo boliviano declarou emergência sanitária, o que o habilitou para contratar novo pessoal, e, em várias regiões do país, começou a demitir grevistas.

O presidente da Associação Médica de La Paz, Luis Larrea, denunciou que "o governo está jogando sujo", já que está demitindo e contratando médicos de nacionalidade cubana, apesar das negociações que estão em curso.

Estudantes de medicina da Universidade de El Alto, principal base política do presidente Evo Morales, queimaram uma bandeira de Cuba e advertiram que "não permitirão" que médicos cubanos substituam os bolivianos.                  

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cotações das moedas latino-americanas frente ao dólar

Bogotá, 18 abr (EFE).- Cotações das moedas latino-americanas frente ao dólar:.

Países Moeda Preços Variação

ARGENTINA Peso 4,42 (-0,22%)

BOLÍVIA Boliviano 6,96 (0,00%)

BRASIL Real 1,880 (-1,18%)

COLÔMBIA Peso 1.774,56 (-0,28%)

COSTA RICA Colón 507,86 (+0,32%)

CUBA Peso/CUC 1,00 (controlado)

CHILE Peso 488,90 (-0,90%)

EL SALVADOR Colón 8,75 (0,00%)

GUATEMALA Quetzal 7,77 (-0,25%)

HONDURAS Lempira 19,43 (0,00%)

MÉXICO Novo Peso 13,15 (-0,68%)

NICARÁGUA Córdoba 23,31 (0,00%)

PARAGUAI Guarani 4.300 (+0,23%)

PERU Sol 2,665 (0,00%)

R.DOMINICANA Peso 39,08 (0,00%)

URUGUAI Peso 19,95 (-1,00%)

VENEZUELA Bolívar Forte 4,30 (controlado)

(A moeda do Equador e Panamá é o dólar).

Fonte: http://economia.uol.com.br

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Bolívia e Peru confiscam 307 kg de cocaína em operação


s policiais antidroga da Bolívia e do Peru coordenaram uma operação que confiscou 307 quilos de cocaína peruana avaliada em US$ 1,8 milhão que seria enviada ao Brasil, informou nesta terça-feira (17) o diretor da Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico (FELCN) boliviana, coronel Gonzalo Quezada.
Segundo a agência estatal ABI, a droga foi confiscada em duas operações realizadas no planalto de La Paz e no norte amazônico da região, em povoados próximos à fronteira com o Peru. Quezada afirmou que a troca de informações entre a FELCN e a Direção Antidrogas do Peru permitiu desarticular a organização que tentava traficar a droga.
Os agentes também confiscaram três veículos e prenderam cinco bolivianos com supostas ligações com organizações internacionais de narcotraficantes que operam no Peru e no Brasil.

Evo Morales: Brasil e Alba não irão a Cúpulas das Américas sem Cuba


O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta terça-feira, 17, que o Brasil e os países da Aliança Bolivariana (Alba) não participarão das próximas Cúpulas das Américas se Cuba não for convidada, e pediu o apoio de organizações como Celac e a Unasul, que não incluem os Estados Unidos.
 
"Além dos países do Alba, se não houver a presença de Cuba, também não irão às próximas Cúpulas das Américas outros presidentes. Escutei pessoalmente da presidente do Brasil, acho que também dos governantes do Paraguai e do Uruguai", declarou Morales em uma coletiva de imprensa em La Paz.
 
A Cúpula do último fim de semana na cidade colombiana de Cartagena terminou sem uma declaração final por causa da falta de consenso entre América Latina, Estados Unidos e Canadá sobre o isolamento de Cuba e a reivindicação da Argentina pelas ilhas Malvinas.
 
Entre os principais países do Alba (Venezuela, Cuba, Equador, Nicarágua e Bolívia), o único líder que esteve em Cartagena foi Morales. Os presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Nicarágua, Daniel Ortega, não participaram do evento em solidariedade a Cuba. Já o venezuelano Hugo Chávez não foi por motivos de saúde.
 
Segundo Morales, alguns presidentes, cujos nomes não mencionou, foram para Cartagena forçados. "Talvez pela responsabilidade ou por consideração com o líder anfitrião, Juan Manuel Santos", disse. Para o governante boliviano, Santos fez "todos os esforços" para que a reunião fosse um sucesso.
 
Morales ainda destacou que não acredita na Cúpula das Américas por causa do fracasso das políticas impostas pelos Estados Unidos, e ressaltou o melhor desempenho econômico dos países latino-americanos e as riquezas naturais da região.
 
"Se temos estas vantagens como latino-americanos, temos a obrigação de fortalecer a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e os diferentes espaços criados para integrar os povos da América Latina", falou.
 
O apoio à Argentina na disputa com o Reino Unido pelas ilhas Malvinas foi outra reivindicação do boliviano, que lamentou a falta de um ambiente de amizade entre os presidentes em Cartagena.
 
Morales contou também que teve uma conversa "nos corredores" com o presidente chileno, Sebastián Piñera, sobre a reivindicação da Bolívia por uma saída ao Pacífico, perdida em uma guerra no século XIX com o país vizinho. O líder reconheceu que "há certa vontade" de Piñera para resolver o assunto, e disse que o governante chileno pediu em contrapartida uma proposta oficial para retomar o diálogo bilateral, suspenso desde 2011, quando Morales anunciou que processará o Chile em cortes internacionais.LA PAZ - O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta terça-feira, 17, que o Brasil e os países da Aliança Bolivariana (Alba) não participarão das próximas Cúpulas das Américas se Cuba não for convidada, e pediu o apoio de organizações como Celac e a Unasul, que não incluem os Estados Unidos.
 
"Além dos países do Alba, se não houver a presença de Cuba, também não irão às próximas Cúpulas das Américas outros presidentes. Escutei pessoalmente da presidente do Brasil, acho que também dos governantes do Paraguai e do Uruguai", declarou Morales em uma coletiva de imprensa em La Paz.
 
A Cúpula do último fim de semana na cidade colombiana de Cartagena terminou sem uma declaração final por causa da falta de consenso entre América Latina, Estados Unidos e Canadá sobre o isolamento de Cuba e a reivindicação da Argentina pelas ilhas Malvinas.
 
Entre os principais países do Alba (Venezuela, Cuba, Equador, Nicarágua e Bolívia), o único líder que esteve em Cartagena foi Morales. Os presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Nicarágua, Daniel Ortega, não participaram do evento em solidariedade a Cuba. Já o venezuelano Hugo Chávez não foi por motivos de saúde.
 
Segundo Morales, alguns presidentes, cujos nomes não mencionou, foram para Cartagena forçados. "Talvez pela responsabilidade ou por consideração com o líder anfitrião, Juan Manuel Santos", disse. Para o governante boliviano, Santos fez "todos os esforços" para que a reunião fosse um sucesso.
 
Morales ainda destacou que não acredita na Cúpula das Américas por causa do fracasso das políticas impostas pelos Estados Unidos, e ressaltou o melhor desempenho econômico dos países latino-americanos e as riquezas naturais da região.
 
"Se temos estas vantagens como latino-americanos, temos a obrigação de fortalecer a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e os diferentes espaços criados para integrar os povos da América Latina", falou.
 
O apoio à Argentina na disputa com o Reino Unido pelas ilhas Malvinas foi outra reivindicação do boliviano, que lamentou a falta de um ambiente de amizade entre os presidentes em Cartagena.
 
Morales contou também que teve uma conversa "nos corredores" com o presidente chileno, Sebastián Piñera, sobre a reivindicação da Bolívia por uma saída ao Pacífico, perdida em uma guerra no século XIX com o país vizinho. O líder reconheceu que "há certa vontade" de Piñera para resolver o assunto, e disse que o governante chileno pediu em contrapartida uma proposta oficial para retomar o diálogo bilateral, suspenso desde 2011, quando Morales anunciou que processará o Chile em cortes internacionais.

Fonte: http://www.estadao.com.br 

sábado, 14 de abril de 2012

Na Bolívia o Brasil põe mão em vespeiro

Encravada entre os Departamentos de Cochabamba e Beni, a reserva ecológica Territorio Indígena del Parque Nacional Isiboro Sécure encontra-se no centro de uma disputa política de grandes proporções na Bolívia. E o Brasil está envolvido nela.

Conhecido pela sigla Tipnis, o parque nacional é considerado também território original de povos indígenas que ali habitam desde tempos pré-hispânicos. Como tal, conta para sua proteção com mecanismos especiais definidos na Constituição do Estado Plurinacional da Bolívia, entre eles o que exige consulta prévia aos povos originários para qualquer intervenção estatal que possa afetar seus territórios.
A disputa política em torno do Tipnis expõe as contradições internas do governo de Evo Morales, que chegou ao poder na crista de dois movimentos profundos que sacudiram a sociedade boliviana desde os anos 1990 e terminaram por redesenhar radicalmente o mapa político do país na primeira década do deste século: o nacionalismo estatal-desenvolvimentista, de um lado, e o indigenismo, com tintas ambientalistas, de outro (ambos flertando com o exercício direto da soberania popular, via referendos).
O presidente que usou e abusou de expedientes pouco democráticos para aprovar uma Constituição reconhecendo direitos diferenciados aos povos originais da Bolívia é o mesmo que tomou, ao arrepio da Lei Maior, a decisão unilateral de ordenar a construção de uma rodovia de aproximadamente 300 quilômetros entre as cidades de Villa Tunari, em Cochabamba, e San Ignacio de Moxos, em Beni, sem considerar que havia o Tipnis no meio do caminho e sem explicar convincentemente os benefícios econômicos e sociais da obra. Nem preocupação ambiental nem respeito aos direitos ancestrais, muito menos consulta direta ao povo.
A decisão de Morales provocou reação de um amplo leque de forças, incluindo não apenas ambientalistas, dentro e fora do país, e os habitantes do Tipnis, mas também organizações indígenas da região oriental da Bolívia, além de ex-integrantes de seu partido, agora organizados no Movimiento Sin Medo. Quebrou-se a momentânea unidade que levou o presidente a eleger-se duas vezes, com maioria absoluta dos votos. Tornou-se evidente que seu projeto de poder se assenta não no heterogêneo conjunto dos povos originários, mas na maioria quíchua e aimara do ocidente boliviano (o Altiplano Andino) e nos produtores de folha de coca da região do Chapare, perto de Cochabamba, zona de plantio ilegal, cuja produção abastece o tráfico de drogas, em tese favorecido pela construção da rodovia. Além, é claro, das Forças Armadas, que Morales soube cooptar com prebendas e benefícios.
No final do ano passado, depois de uma longa marcha em protesto contra a construção da rodovia, organizações indígenas do oriente boliviano foram recebidas com flores em La Paz por milhares de pessoas que saíram às ruas para se solidarizarem com os manifestantes. Pouco antes de chegar à capital, integrantes da marcha foram duramente reprimidos pela polícia e pelo Exército. Na defensiva, Morales teve de recuar e se viu forçado a promulgar uma lei declarando o Tipnis "intangível". Mas o presidente não desistiu. Está empenhado em ganhar um referendo marcado para maio, em que votarão os habitantes da região diretamente afetada, questão controversa, entre outras razões, porque nos últimos anos se avolumaram invasões do parque por cocaleros do Chapare. Acusam Morales de estar comprando apoios com distribuição de benefícios a comunidades específicas para ganhar o referendo. Uma nova marcha de protesto está marcada para 20 de abril.
Nesse cenário politicamente carregado, a imagem do Brasil tem sofrido grande desgaste. É que a construção da rodovia está a cargo da empreiteira brasileira OAS e grande parte do financiamento da obra provém do BNDES (US$ 330 milhões, num total de US$ 440 milhões, uma enormidade para a Bolívia). Há acusações de toda sorte, desde superfaturamento da obra até sua suposta imposição ao governo boliviano para atender ao interesse brasileiro de obter uma saída para os portos chilenos no Pacífico. No ambiente conturbado que se formou, pouco importa a veracidade das acusações. Todas elas conspiram para reforçar a percepção de que o Brasil atua como potência imperial na Bolívia, imagem que tem profundas raízes históricas. Pouco importa também, depois do leite derramado, ter o BNDES congelado o financiamento do trecho que corta o Tipnis e dito que o descongelamento só virá se respeitadas condições ambientais suficientes. Na terça-feira, surgiu um fato novo, mas não surpreendente: Morales anunciou a anulação dos contratos firmados com a OAS para a construção da rodovia, na tentativa de desarmar a marcha de 20 de abril.
O imbróglio deve nos servir de lição. A decisão de financiar a obra com dinheiro do BNDES foi tomada por Lula em acordo direto com Morales. Ao BNDES incumbiu-se o financiamento da obra. À OAS, sua execução, em substituição a outra empreiteira brasileira, a Queiroz Galvão, a qual o governo boliviano acusava de não cumprimento do contrato - como agora faz com a OAS. Que o Brasil se estava metendo num vespeiro era mais do que óbvio. Assim como é clara imprudência nos lançarmos eventualmente à construção de uma hidrelétrica num afluente boliviano do Rio Madeira, promessa de Lula para que Morales aceitasse a construção de Jirau e Santo Antônio, do lado brasileiro do mesmo rio, não obstante os riscos ambientais para a Bolívia.
A lição a tirar é que voluntarismo político e apetite empresarial não fazem boa política externa. Não é fácil operar numa região em que alguns governos se comportam de maneira especialmente idiossincrática. Por isso mesmo, maior prudência e melhor compreensão das dinâmicas políticas locais não fariam mal algum ao Brasil.  

Presidentes de Bolívia e Colômbia se enfrentam em jogo de futebol

Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Colômbia, Juan Manuel Santos, lideraram nesta sexta-feira (13), suas respectivas seleções em um jogo de futebol que acabou empatado em 2 a 2, como preâmbulo à 6ª Cúpula das Américas, que será realizada a partir deste sábado em Cartagena.
A partida disputada por estes particulares combinados, formados por ex-jogadores e membros do governo dos dois países, foi uma proposta do líder boliviano, que desperdiçou um pênalti durante o duelo.
Porém, mais que Morales, um assíduo jogador de futebol, a surpresa foi a presença do presidente Santos, já que inicialmente havia recusado o convite do líder boliviano.
"Eu conheço as habilidades de Morales e estou um pouco reticente", brincou Santos na ocasião em alusão à pancada nos genitais que o boliviano deu em um adversário em um jogo amistoso em 2010.
Na partida de hoje, no entanto, Santos foi só elogios para Morales. "É um grande jogador, maravilhoso", declarou.
Os jornalistas aproveitaram para perguntar se disputaria um jogo de futebol com o presidente americano, Barack Obama, que também está em Cartagena para participar da Cúpula e o colombiano brincou sobre as habilidades do colega.
"Acho que Obama é bom para o basquete, mas para o futebol deve ser meio perna-de-pau", disse Santos.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Bolívia anulará contrato de estrada com empresa brasileira


O presidente boliviano, Evo Morales, anunciou nesta terça-feira que seu governo iniciou "um processo de anulação" do contrato com a empresa brasileira OAS para a construção da estrada rejeitada pelos indígenas do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS), o que atribuiu a reiterados descumprimentos da companhia.
Morales reiterou suas queixas pela lentidão das obras da OAS, que constrói três estradas na Bolívia, inclusive a que deveria unir o centro do país com o norte amazônico e cujo segundo lance, segundo o projeto, partiria em dois a reserva.
Segundo o líder, a empresa suspendeu "sem justificativa nem autorização" os trabalhos nos dois lances dos extremos da estrada, que começou a ser construída em junho de 2011, e descumpriu "várias obrigações contratuais que afetam às obras", entre outras supostas irregularidades.
"Ontem tive uma longa reunião com a equipe que está a cargo e por isso já iniciamos a anulação do contrato com a OAS nestes dois lances", disse o presidente à imprensa em La Paz.
Morales se queixou ainda que essa empresa descumpriu o compromisso de entregar em dezembro de 2010 outra estrada no sudeste do país, entre a cidade colonial de Potosí e o Salar de Uyuni, uma das principais atrações turísticas da Bolívia.
Segundo o líder, também está atrasada a estrada que vai de Potosí à região sulina de Tarija, na fronteira com a Argentina e o Paraguai, cuja entrega estava prevista para dezembro passado.
Morales não explicou o que ocorrerá com o lance central da estrada amazônica, que devia atravessar o Tipnis e que os indígenas rejeitam por seus possíveis efeitos sobre o meio ambiente. 
Dirigentes indígenas e da oposição na Bolívia colocaram em dúvida a sinceridade do anúncio de Evo Morales sobre anular o contrato com a OAS. Líderes de etnias amazônicas e políticos da oposição disseram que essa pode ser uma estratégia de Morales para desarticular uma nova manifestação dos nativos marcada para o fim do mês contra a tentativa do governo de construir a rodovia, apesar de o próprio líder ter proibido construções no local por lei em 2011.
Polêmica
A OAS adquiriu em 2008 o contrato para a construção da polêmica estrada amazônica de 306 quilômetros, com um investimento de US$ 415 milhões, dos quais o governo brasileiro financia US$ 332 milhões.
Em 2011, os nativos protestaram contra o projeto, em uma marcha de quilômetros até La Paz, e conseguiram que Morales assinasse uma lei para proibir a construção de qualquer estrada no Tipnis.
Em setembro, Evo Morales suspendeu a construção da rodovia, depois de ter anunciado um referendo sobre a estrada em duas províncias bolivianas afetadas. Os trabalhos ficaram suspensos até o anúncio de anulação do contrato, nesta terça-feira.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Revolução boliviana completa 60 anos ofuscada pelas transformações atuais

Neste 9 de abril, a Bolívia completa 60 anos de sua Revolução Nacional. O golpe de Estado de 1952, planejado e liderado pela pequena burguesia do MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário), teve a participação espontânea e improvisada de mineiros e camponeses armados e colocou fim ao governo oligárquico marcado pelo monopólio de três empresários do estanho.
As importantes consequências que mudaram a história deste país – nacionalização das grandes mineradoras, reforma agrária, instauração do voto universal e reforma educacional –, são, porém, pouco lembradas por políticos e integrantes de sindicatos e movimentos sociais.
O nacionalismo revolucionário de seis décadas atrás deixou raízes com muitas semelhanças e muitas diferenças. Naquela época, depois da insurreição popular, a classe média que efetivamente subiu ao poder combatia o colonialismo e pregava a unidade territorial a partir do centralismo político e da “bolivianidade” homogênea, ignorando os povos originários indígenas.
Com isso, a recente onda de transformações no país, desde o primeiro mandato do presidente Evo Morales Ayma, a partir de 2005, é que está sendo considerada a verdadeira revolução democrática e cultural. Essa denominação, atribuída por acadêmicos, militantes e a própria população, ganhou força após a eleição do líder de origem aymara e a aprovação da nova constituição do Estado Plurinacional da Bolívia, em 2009, que reconhece em seus artigos os direitos coletivos das “nações e povos indígenas originários camponeses” em todo o “pluralismo político, econômico, jurídico, cultural e linguístico” que os caracteriza.
Em teoria e na opinião dos dirigentes do MAS (Movimento ao Socialismo), partido de Evo e que detém a maioria quase que integral nos governos municipais, departamentais e central, nunca houve na história do país um período em que essa parte da população realmente fosse incluída. No entanto, a oposição analisa a situação atual como extremamente delicada, chegando a garantir que a Bolívia nunca esteve tão divida quanto agora, em que, das 36 etnias existentes no país, somente os aymaras (cocaleiros) e os quechuas, do ocidente boliviano (região dos andes e do altiplano), têm força verdadeira.
Segundo Leonilda Zurita, secretária de relações internacionais do MAS e presidenta departamental da legenda em Cochabamba, o partido é coordenado exclusivamente pelas organizações sociais, profissionais e intelectuais. “Os pobres, discriminados e humilhados são os donos desse novo processo de mudança liderado por Evo, com total participação de pequenos agricultores, movimentos de mulheres indígenas-camponesas, comunidades interculturais, operários mineradores, comerciantes e ferroviários”, lembra.

“Definimos nossa Constituição Política do Estado consultando, como nunca, ao povo, que a aprovou com 62% dos votos e, desde então, passamos de uma república colonial a um estado plurinacional. Nesse momento, todos se sentem dignificados e respeitados, aqueles que eram esquecidos agora têm voz, os irmãos indígenas antes desprezados, odiados e discriminados hoje são reconhecidos e defendidos na lei. Pela primeira vez o presidente está visitando cada canto deste país e temos muito investimento para obras públicas vindo de países parceiros à nossa luta, como Cuba, Venezuela e Brasil”, avalia.

Nesses mais de seis anos de mandato, a dirigente reconhece que o movimento de transformações tem sido lento, mas considera essa velocidade necessária. “Um processo de mudança não acontece da noite para o dia, o presidente está semeando aos poucos ao dar apoio a empresas e microempresas, construindo obras, hospitais, complexos esportivos e estradas para a integração e o desenvolvimento do país. Na constituição estão todos os nossos direitos e essa já é a maior conquista, mas sabemos que temos debilidades e que falta muito o que fazer, como elaborar as regras e estatutos departamentais”, completa Leonilda.

Críticas

Esses êxitos não são um consenso. Para Oscar Mercado, assembleísta da aliança de oposição “Todos por Cochabamba”, a situação do departamento, por exemplo, não mudou nos governos anteriores, nem neste. “Na minha percepção, a gestão atual nos fez caminhar ainda mais para trás. Prevemos problemas bem básicos e sérios para um futuro próximo, como falta de água e energia se não tivermos rapidamente investimentos e obras nesse sentido, além das outras questões nacionais de desemprego, segurança e narcotráfico”, afirma.

E acrescenta mais críticas: “depois da nova Constituição, nada do que foi prometido está resolvido, vemos um país dividido e polarizado, que não avança e tem pendências que perduram de muitos anos atrás”.

Oscar também acredita que, apesar da hegemonia do MAS, o diálogo entre cidades e governo central em busca de melhorias não flui. “Mais de 90% dos prefeitos e o governador de Cochabamba são da situação, o que deveria gerar estabilidade e facilitar a realização de planos comuns, mas isso não acontece. Para mim, é por conta da submissão ao estado central. Me parece que ainda não assumimos a vocação autônoma que a nova constituição deu aos nove departamentos, ou seja, os políticos têm mais compromisso com os interesses partidários que com os regionais”, analisa.

Embora seja firme em suas críticas opositoras, ele enaltece a conquista da inclusão social. “Não concordo com os mecanismos para efetivar a integração social, mas de fato é um avanço, afinal somos iguais e todos devem participar e trabalhar em conjunto. Acho que os temas de inclusão e das autonomias podem dar a este país, depois de muitos anos, a possibilidade de sair dessa situação em que estamos. O que falta é um novo senso boliviano, é atitude e compromisso de uma nova visão”, diz.

Santa Cruz

Responsável por cerca de 1/3 do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010 e 70% do abastecimento de alimentos no país atualmente, o departamento de Santa Cruz é o único com um governador de oposição ao MAS e, por isso, posiciona-se abertamente como o mais crítico ao governo central. De acordo com Manlio Alberto Roca Zamora, secretário de desenvolvimento sustentável e meio ambiente, o modelo departamental funciona apenas no papel.

“A autonomia dada aos departamentos foi à medida dos interesses do governo, porque todas as leis autonômicas devem ser aprovadas em La Paz. Isso quer dizer que temos somente competências simples, e as decisões mais importantes são tomadas e autorizadas por um estado central”, diz.

Com relação à inclusão dos povos originários, ele é ainda mais contundente e opina que a condição plurinacional do estado é apenas uma etiqueta. “A imagem vendida lá fora, de que a Bolívia tem muito cuidado com os direitos indígenas, camponeses e originários, é um mito, um merchandising do novo governo. Aqui no oriente, em departamentos como Beni, Santa Cruz e Tarija, percebemos uma clara ruptura no movimento: apesar de corresponderem a 2/3 das etnias do país, estão em menor quantidade de pessoas, se comparadas aos aymaras e quechuas juntos, e acabam sem voz”, diz.

Estado plurinacional

Para entender essa atual dualidade, vale a análise da combinação tensa entre indigenismo e nacionalismo do governo de Evo Morales, feita pelo sociólogo Fernando Mayorga, diretor geral do CESU (Centro de Estudos Superiores Universitários) da Universidade Mayor de San Simón, em Cochabamba, também autor do livro DileMAS. “Estamos presenciando uma construção minimalista do estado plurinacional, feita lentamente e com muitos limites e contradições. Um exemplo é a teórica garantia dos direitos coletivos dos povos indígenas a partir da consulta prévia em algumas situações de conflito, mas a mesma constituição diz que essa votação não tem caráter vinculante, ou seja, o Estado não estará obrigado a cumpri-la”.

Segundo Fernando, o formato plurinacional está avançando devagar e esse movimento é adequado. “O Estado Plurinacional foi uma resposta à exclusão indígena na história da Bolívia. Os avanços seguem devagar na aplicação de políticas efetivas, mas em termos normativos são claros e importantes os êxitos, apesar de a Constituição afirmar erroneamente a existência de 36 povos, quando na verdade são 36 idiomas. Enfim, é um desafio complexo construir um país novo e diferente tendo como base uma economia muito débil. Será necessário criar esse estado ao mesmo tempo em que ele é transformado”.

Em uma comparação simplista, é possível dizer que a revolução nacional de 1952 incluiu na sociedade os camponeses, que hoje têm movimentos organizados e voz ativa nas decisões governamentais, enquanto que a atual revolução democrática e cultural está integrando os povos originários indígenas, que aos poucos vai conquistando espaço, direitos e participação política.

Semana Santa na Bolívia

Na Bolívia, um dos costumes de maior destaque é a peregrinação ao Santuário de Copacabana. Nele, milhares de católicos percorrem 156 quilômetros desde La Paz até o Santuário, situado às margens do lago Titicaca, como demonstração de fé. Nas áreas rurais bolivianas, sobretudo no planalto e nos vales, há a crença de que, como Deus morreu e não pode ver o que ocorre no mundo, não é pecado fazer pequenos furtos de produtos agrícolas (frutas e batatas).

sábado, 31 de março de 2012

Bolívia exclui empresa brasileira de construção de polêmica estrada

O governo boliviano decidiu excluir a empresa privada brasileira OAS da construção de um polêmico trecho de estrada em uma reserva ecológica no centro do país, uma obra criticada por indígenas da Amazônia, informou o governo, citado neste sábado por meios de comunicação locais. A OAS assinou um contrato com a Bolívia em 2010 para construir 300 km de estrada, dividida em três trechos: o primeiro de 47 km, o segundo de 177 km e o terceiro de 82 km, a um custo total de 415 milhões de dólares, dos quais 332 milhões correspondem a um crédito brasileiro.
É no segundo trecho que se encontra o parque ecológico TIPNIS, rico em flora e fauna e do qual a empresa OAS foi excluída, informou o presidente da Administradora Boliviana de Estradas (ABC), Luis Sánchez, citado pela rádio privada Erbol.
"Não estou satisfeito, a porcentagem (construída) é baixa, estão trabalhando em um ritmo muito lento, as desculpas foram as chuvas, mas, na realidade, houve muitos dias sem chuvas nos quais tampouco estavam trabalhando. Temos informações de tudo o que está ocorrendo", afirmou Sánchez.
Depois acrescentou: "ficou claríssimo que o trecho dois já não é parte do trabalho da OAS. A OAS tem que trabalhar apenas nos trechos um e três". A decisão foi tomada dias após a oposição denunciar que o presidente da ABC pagou ilegalmente em 2009 um total de 7,5 milhões à OAS, antes de assinar o contrato.
A estrada também provocou o protesto de indígenas, que argumentam que causará graves danos ao meio ambiente, embora o poder Executivo garanta que gerará desenvolvimento econômico nas regiões ligadas ao percurso. Nativos amazônicos marcharam em outubro passado contra o trecho que se encontra no TIPNIS e anunciaram que voltariam a protestar no fim de fevereiro, diante da insistência do governo de fazer a obra.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/%20mundo/noticias/0,,OI5695758-EI8140,00-Bolivia+exclui+empresa+brasileira+de+construcao+de+polemica+estrada.html

Bolívia, Brasil e EUA começam controle de coca por satélite

Os governos de Bolívia, Brasil e Estados Unidos começaram na sexta-feira (30) a utilizar um sistema de satélite para controlar a redução das áreas plantadas com folha de coca na na região boliviana do Chapare.
"O narcotráfico precisa ser derrotado de maneira conjunta, compartilhando os esforços entre os Estados. Esta é a grande contribuição deste sistema, deste plano trilateral entre Bolívia, Estados Unidos e Brasil", afirmou o ministro de Governo boliviano, Carlos Romero.
O embaixador do Brasil em La Paz, Marcel Biato, e o encarregado de Negócios dos Estados Unidos, John Creamer, entregaram no povoado de Chimoré, no Chapare, equipamentos GPS (Sistemas de Posicionamento Global, em inglês), no âmbito de um convênio antidrogas assinado em janeiro.
O convênio trinacional, que durará um ano, tem por objetivo promover a coordenação técnica e científica entre os países signatários, para buscar um melhor controle e maior precisão nas áreas de cultivo de coca excedente para sua erradicação, com um orçamento de US$ 350 mil.
Os equipamentos GPS permitem verificar in situ a quantidade de coca erradicada e depois fazer um acompanhamento para voltar a monitorar se os agricultores semearam novamente a planta, um problema não resolvido na Bolívia.
A Bolívia conta com 31 mil hectares de coca, segundo dados das Nações Unidas, dos quais apenas 12 mil são legais para uso tradicional, como a mastigação, a infusão e em rituais religiosos andinos.
O país vem erradicando desde o fim da década de 80 do século passado, manualmente e com a participação de policiais e militares, entre 5 e 10 mil hectares anuais, mas, enquanto os governos destroem plantios, os agricultores voltam a semear mais coca.
A planta milenar também é matéria-prima para a fabricação de cocaína, uma atividade na qual a Bolívia ocupa o terceiro lugar mundial, depois de Peru e Colômbia, segundo a ONU.

Fonte: http://g1.globo.com/%20mundo/noticia/2012/03/bolivia-brasil-e-eua-comecam-programa-de-controle-da-folha-de-coca.html

quinta-feira, 22 de março de 2012

Grupo invade casa e agride bolivianos em Guarulhos

Uma família boliviana sofreu com a violência praticada por ladrões, na noite de quarta-feira (21), que invadiram sua residência, no número 112 da rua Leste B, em Guarulhos, na Grande São Paulo, agrediram dois homens e planejavam estuprar uma menina de 13 anos. Uma das vítimas conseguiu chamar a Polícia Militar (PM), que chegou a tempo. Dois assaltantes foram detidos e outros cinco fugiram.


Uma menina de 16 anos, que havia estudado com uma das vítimas, fazia parte do bando. Ela pediu para chamar a conhecida e, quando esta abriu o portão, os criminosos a renderam e invadiram a casa. Em dois carros usados pela quadrilha, um Stilo e um Gol, esperaram dois assaltantes, um em cada veículo. Outros dois vigiavam, a pé, o lado de fora, e três entraram na residência, um deles armado. O boliviano Rodrigo Bedregão, de 27 anos, contou que todos foram obrigados a deitar no chão. "Meu pai teve dificuldades para se abaixar e levou chutes. Um primo meu, que gritou por socorro, foi agredido a coronhadas", relatou.
Ao todo sete vítimas estavam na casa. Uma delas conseguiu se trancar em um quarto sem os criminosos perceberem e chamou a polícia. "Eles chegaram a desabotoar a calça da minha irmã, de 13 anos, e iriam estuprá-la se a PM não tivesse chegado", disse Rodrigo.
O cabo da PM Valdir Martins, do 31º Batalhão, chegou com sua equipe no local e ouviu os dois carros arrancando. "Os três que estavam na casa viram as viaturas e fugiram por uma viela", contou Valdir. Os dois vigias, a menina de 16 anos e Eduardo Rodrigues de Souza, de 21, foram detidos. Ele tem passagem por receptação. Os bandidos ainda conseguiram roubar celulares e dinheiro. O caso foi registrado no 7º DP, de Guarulhos.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Indígenas bolivianos preparam nova marcha contra rodovia


LA PAZ, 20 Mar (Reuters) - O governo boliviano ofereceu na terça-feira um diálogo com os grupos indígenas que convocaram uma nova marcha contra a construção de uma rodovia amazônica financiada pelo Brasil.
Desafiando abertamente o governo esquerdista do presidente Evo Morales, os indígenas aprovaram iniciar a nova marcha rumo a La Paz no dia 20 de abril. No ano passado, o grupo já havia feito um protesto semelhante saindo do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), que seria atravessado pela futura rodovia. Os indígenas que vivem no parque dizem que a obra causará um grave dano ambiental.
O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse a jornalistas que o governo está "respeitoso" com o direito indígena ao protesto, e se mantém "absolutamente aberto para entabular qualquer diálogo" que leve a uma solução da disputa.
"Vamos fazer todos os esforços que forem necessários para (...) ir resolvendo as dificuldades", acrescentou ele, garantindo que o governo estaria disposto a discutir inclusive uma mudança no traçado da estrada.
Quintana afirmou ainda que, independentemente da marcha, o governo realizará em maio um referendo no Tipnis sobre o projeto, conforme prevê uma lei de fevereiro passado, que os líderes do parque rejeitam.
Ao anunciar a convocação da marcha na noite de segunda-feira, o dirigente indígena Fernando Vargas convidou "o povo boliviano para ser parte dessa luta e da defesa e cumprimento da Constituição, para que cessem as violações aos direitos humanos e à proteção ambiental".
Segundo Vargas, o protesto deve receber ampla adesão das populações urbanas, a exemplo do que já aconteceu na primeira marcha, entre agosto e outubro de 2011.
O impasse acabou por abalar a popularidade de Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, e o obrigou a sancionar uma lei declarando o Tipnis como "intangível". Logo depois disso, ele sofreu numa eleição direta para a magistratura a sua primeira derrota eleitoral desde que chegou à presidência, em 2006.
A nova marcha foi convocada apesar de uma intensa campanha de Morales, que apenas três dias antes havia visitado o parque levando geradores elétricos e prometendo estimular o desenvolvimento da região, numa estratégia para conquistar apoio à construção da rodovia de 306 quilômetros que ligará a Amazônia boliviana à região de Cochabamba.
Morales criticou os líderes indígenas que rejeitam o plebiscito sobre a estrada, o que segundo ele é "antidemocrático, é negar aos próprios indígenas o direito à participação".
A nova marcha foi aprovada por 38 dos 63 corregedores (autoridades comunitárias) do Tipnis.
Há alguns meses, outro grupo indígena - este identificado com o governo - realizou outra marcha, defendendo a construção da estrada.
A obra, avaliada em 420 milhões de dólares, está a cargo da construtora brasileira OAS, que já trabalha nos dois extremos da estrada, mas ainda não pôde iniciar as obras no trecho central do traçado, de 177 quilômetros, que atravessa a área protegida.
(Reportagem de Carlos Vargas)

Fonte: http://noticias.br.msn.com/mundo/ind%C3%ADgenas-bolivianos-preparam-nova-marcha-contra-rodovia-1

terça-feira, 20 de março de 2012

Bolívia coloca militares nas ruas para combater crime


O governo boliviano colocou cerca de 3,2 mil militares nas ruas das quatro principais cidades do país, em uma tentativa de conter o aumento da violência.
A decisão foi tomada depois que moradores da cidade andina de El Alto protestaram durante vários dias contra a insegurança.
O protesto foi motivado pelo assasssinato de dois jornalistas, estrangulados em um ônibus quando se dirigiam ao trabalho.
O presidente boliviano, Evo Morales, reconheceu que a polícia não é suficiente para combater o crescente número de crimes nas ruas.
Segundo o correspondente da BBC na Bolívia, Mattia Cabitza, em El Alto e na principal cidade boliviana, La Paz, as patrulhas policiais são escassas.
Além disso, os policiais costuma ser mal pagos e frequentemente são envolvidos em acusações de corrupção.
'Cidade Segura'
O novo plano foi batizado de 'Cidade Segura' e incluirá patrulhas diurnas e noturnas.
Além de El Alto e La Paz, os militares também serão colocados nas ruas de Santa Cruz e Cochabamba.
Segundo o governo, depois de 90 dias a situação de segurança nessas cidades será reavaliada.
Críticos da medida, no entanto, afirmam que colocar militares não ruas não irá resolver o aumento da violência na Bolívia, que deveria ser enfrentado com medidas para reduzir a pobreza e o desemprego no país.
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