A Comissão Europeia (CE) manifestou nesta quarta-feira sua "preocupação"
com a decisão do governo da Bolívia de expropriar a filial de Red
Eléctrica Espanhola (REE) e afirmou que as autoridades bolivianas devem
cumprir os acordos de investimentos assinados com a Espanha.
"Ações
como esta necessariamente transmitem um sinal negativo aos investidores
internacionais sobre o clima de negócio e de investimentos na Bolívia",
afirmou o porta-voz comunitário de Comércio, John Clancy.
O
porta-voz expressou sua "preocupação" diante da decisão anunciada ontem
pelo governo de Evo Morales de nacionalizar a Empresa Transportadora de
Eletricidade (TdE) - que está nas mãos da Red Eléctrica Internacional,
uma filial da REE -, e assegurou que Bruxelas "segue atentamente" essa
situação.
"Acreditamos que as autoridades bolivianas mantenham
completamente seus acordos de investimento com a Espanha e garantam uma
rápida e adequada compensação por esta desapropriação", indicou Clancy.
Segundo
fontes comunitárias, a Comissão Europeia, por enquanto, está trocando
informações com as autoridades espanholas antes de dar um novo passo. Em
entrevista coletiva, Clancy confirmou que a CE está "em contato com
Madri" e que as autoridades espanholas já estão respondendo.
O
porta-voz da CE, no entanto, descartou a ideia de vincular o caso da Red
Eléctrica na Bolívia com o a postura do Governo argentino, que
desapropriou 51% das ações da companhia petrolífera YPF, até então
controlada pela espanhola Repsol.
"Não vou fazer vínculos diretos
entre o que está passando na Bolívia e o que ocorreu com a Repsol na
Argentina", declarou o porta-voz, que, por sua vez, classificou a
situação como "inquietante".
Em diversas ocasiões, a Comissão
Europeia manifestou sua preocupação com a nacionalização da YPF,
principalmente com mensagens do presidente da Comissão Europeia, José
Manuel Durão Barroso, e do comissário europeu de Comércio, Karel De
Gucht.
Nestas, a cúpula da UE alertava que esta operação poderia
afetar drasticamente o clima empresarial e os investimentos estrangeiros
no país sul-americano.
Apesar do investimento dos países da UE
em outros países serem de competência da UE desde dezembro de 2009,
quando o Tratado de Lisboa entrou em vigor, a Comissão ainda está
criando uma base legal para reverter essa situação, além da pressão
diplomática.
Em todo caso, a nacionalização da YPF fez com que a
Comissão Europeia acelerasse os preparativos para solicitar consultas
com a Argentina na Organização Mundial do Comércio (OMC) pelas
restrições às importações que Buenos Aires vem aumentando desde 2008.
EFE
Nenhum comentário:
Postar um comentário