Moradores das cidades bolivianas de La Paz e El Alto trocaram nesta
terça-feira golpes e pedradas com motoristas que bloquearam a ligação
entre as duas cidades desde segunda-feira contra uma nova lei de
trânsito urbano, na véspera de uma greve de 72 horas da Central Operária
Boliviana (COB) contra o presidente Evo Morales.
A imprensa local informa que houve pelo menos sete feridos em uma
batalha campal com pedras e paus, num bairro no limite entre La Paz e El
Alto, a 4 mil metros de altitude. Não há dados oficiais sobre os
feridos nos incidentes.
Na sétima semana de conflitos que o governo parece incapaz de deter,
os moradores reagiram com fúria porque os motoristas passaram a noite
nos pontos de bloqueio, alguns bêbados, e não deixavam passar nem sequer
ambulâncias, segundo constataram correspondentes da Agência Efe.
Em outros lugares, como a estrada que liga La Paz a El Alto (quase 1
milhão de habitantes cada uma), houve incidentes causados por moradores e
inclusive por alguns motoristas que queriam trabalhar e foram agredidos
por colegas armados com paus e cintos.
Milhares de pessoas marcharam pelas íngremes ruas de La Paz para
chegar ao trabalho, enquanto outras desceram de El Alto por ladeiras,
barrancos e bairros marginais, da mesma forma que na segunda-feira.
Os motoristas bloquearam as principais vias com veículos, grandes pedras, fogueiras, troncos de árvores e objetos diversos.
A polícia liberou algumas vias nesta terça-feira e o governo ofereceu
transporte gratuito ao povo, ao contrário de segunda-feira, quando se
limitou a pedir o diálogo entre motoristas e a Prefeitura de La Paz, em
mãos da oposição.
Os motoristas rejeitam a lei de La Paz que busca melhorar o
transporte público, porque consideram que ela põe em risco seus
trabalhos com um sistema de transporte em massa com ônibus.
O prefeito de La Paz, Luis Revilla, disse que não negociará 'sob
pressão' e ratificou suas críticas à Polícia Nacional por não agir na
segunda-feira contra os bloqueios, como se fez em semanas anteriores
contra marchas de médicos, universitários e professores, entre outros.
O ministro de governo boliviano, Carlos Romero, negou em entrevista
coletiva que a polícia tenha sido inativa na segunda-feira e afirmou que
as manifestações desta segunda e terça-feira não são similares.
Os líderes da COB, maior organização sindical da Bolívia, até pouco
tempo atrás aliada de Morales, confirmaram a convocação de uma greve
geral de 72 horas a partir desta quarta-feira, por reivindicações
salariais.
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