Daiane Medeiros Araujo, Eliene Gomes da Silva, Jakeline Daniele da Nóbrega, João Batista de Souza, Luciano Marcolino, Maria de Fátima Alves de Medeiros, Maria Izabel de Brito Fernandes, Marinalva Pereira dos Santos, Patrícia Carla Medeiros Martins. Estudantes do curso Licenciatura Plena em Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
quarta-feira, 21 de março de 2012
Indígenas bolivianos preparam nova marcha contra rodovia
LA PAZ, 20 Mar (Reuters) - O governo boliviano ofereceu na terça-feira um diálogo com os grupos indígenas que convocaram uma nova marcha contra a construção de uma rodovia amazônica financiada pelo Brasil.
Desafiando abertamente o governo esquerdista do presidente Evo Morales, os indígenas aprovaram iniciar a nova marcha rumo a La Paz no dia 20 de abril. No ano passado, o grupo já havia feito um protesto semelhante saindo do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), que seria atravessado pela futura rodovia. Os indígenas que vivem no parque dizem que a obra causará um grave dano ambiental.
O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse a jornalistas que o governo está "respeitoso" com o direito indígena ao protesto, e se mantém "absolutamente aberto para entabular qualquer diálogo" que leve a uma solução da disputa.
"Vamos fazer todos os esforços que forem necessários para (...) ir resolvendo as dificuldades", acrescentou ele, garantindo que o governo estaria disposto a discutir inclusive uma mudança no traçado da estrada.
Quintana afirmou ainda que, independentemente da marcha, o governo realizará em maio um referendo no Tipnis sobre o projeto, conforme prevê uma lei de fevereiro passado, que os líderes do parque rejeitam.
Ao anunciar a convocação da marcha na noite de segunda-feira, o dirigente indígena Fernando Vargas convidou "o povo boliviano para ser parte dessa luta e da defesa e cumprimento da Constituição, para que cessem as violações aos direitos humanos e à proteção ambiental".
Segundo Vargas, o protesto deve receber ampla adesão das populações urbanas, a exemplo do que já aconteceu na primeira marcha, entre agosto e outubro de 2011.
O impasse acabou por abalar a popularidade de Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, e o obrigou a sancionar uma lei declarando o Tipnis como "intangível". Logo depois disso, ele sofreu numa eleição direta para a magistratura a sua primeira derrota eleitoral desde que chegou à presidência, em 2006.
A nova marcha foi convocada apesar de uma intensa campanha de Morales, que apenas três dias antes havia visitado o parque levando geradores elétricos e prometendo estimular o desenvolvimento da região, numa estratégia para conquistar apoio à construção da rodovia de 306 quilômetros que ligará a Amazônia boliviana à região de Cochabamba.
Morales criticou os líderes indígenas que rejeitam o plebiscito sobre a estrada, o que segundo ele é "antidemocrático, é negar aos próprios indígenas o direito à participação".
A nova marcha foi aprovada por 38 dos 63 corregedores (autoridades comunitárias) do Tipnis.
Há alguns meses, outro grupo indígena - este identificado com o governo - realizou outra marcha, defendendo a construção da estrada.
A obra, avaliada em 420 milhões de dólares, está a cargo da construtora brasileira OAS, que já trabalha nos dois extremos da estrada, mas ainda não pôde iniciar as obras no trecho central do traçado, de 177 quilômetros, que atravessa a área protegida.
(Reportagem de Carlos Vargas)
Fonte: http://noticias.br.msn.com/mundo/ind%C3%ADgenas-bolivianos-preparam-nova-marcha-contra-rodovia-1
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